Como se escolhe um país para ser sede da copa do mundo?
Para sediar uma Copa o país interessado deve se candidatar ao cargo. Atualmente os 24 membros do Comitê Executivo da FIFA analisarão as condições (infra-estrutura, estádios, segurança, turismo, etc.) para avaliar se o país tem condições de sediar o evento.
Os países candidatos com condições de sediar a Copa do Mundo participam da eleição que escolherá a sede da Copa do Mundo em voto secreto. Se um país candidato obtiver mais de 12 votos a votação é encerrada. Caso contrário, o país com menos votos é eliminado. Este processo se repete até sobrarem dois candidatos. Em caso de empate o voto de Minerva é dado pelo presidente da FIFA.
As escolhas sempre foram motivos de discussão. Existem alguns fatores para a escolha da sede da Copa. Alguns são políticos. Com o sucesso do evento os governantes vislumbraram a propaganda de seu regime e seu país neste evento. Com o resultado da expansão militar e das Olimpíadas de 1936 a Alemanha não teve sequer um voto para sediar a Copa do Mundo de 1938. Mussolini fez de tudo para sediar a Copa de 1934 e ganhar a Copa seguinte na França. A questão política é essencial para entender porque a Europa e as Américas são as sedes de 90% de todas as Copas do Mundo (de 1930 a 2010). Somente em 2002 com a Copa do Mundo da Coreia do Sul e Japão o Mundial deixou de ser realizado no eixo Europa-Américas. Para as próximas décadas são fortes candidatos a Austrália, China e Índia. Além das tradicionais equipes de ponta do futebol mundial (Inglaterra, Itália, Brasil, Argentina, etc.).
A escolha da sede é realizada agora seis anos antes do Mundial. Este tempo é necessário para que o país-sede possa se preparar com a reforma e construção de novos estádios, aeroportos, hotéis e etc. Nem sempre foi assim. A sede da primeira Copa foi escolhida apenas um ano antes do evento e com a desistência da Colômbia o México teve apenas três anos para preparar a Copa de 1986. Em 1966 com o grande acordo realizado entre os competidores a Espanha pode se preparar 16 anos para sediar o Mundial, tempo recorde de preparação.
Em 28 de maio de 1928 foi decidida no 17º Congresso da FIFA a realização da primeira Copa do Mundo. O congresso foi realizado em Amsterdã, Holanda, e aprovou a criação do Campeonato Mundial de quatro em quatro anos. Foram 25 votos a favor e cinco contra. Neste mesmo congresso foi eleito o Uruguai a primeira sede, após a desistência de outros países.
Na década de 1990 a FIFA decidiu ampliar entre os continentes as sedes. Desde 1958 as Copas eram alternadas entre as Américas e a Europa. A Europa sediou as Copas de 1958, 1966, 1974, 1982, 1990 e 2006. As Américas sediaram 1962, 1970, 1978, 1986, 1994. Devido a desorganização do continente sul-americano a última copa realizada no subcontinente foi na Argentina em 1978. As seleções da América do Sul venceram nove Copas do Mundo (cinco com o Brasil, duas com a Argentina e duas com o Uruguai), mas sediaram apenas cinco vezes, e a última a mais de 26 anos. Se for confirmada a Copa na América do Sul em 2014 serão 36 anos sem um Mundial no continente. A Europa venceu oito Copas (três da Alemanha Ocidental, três da Itália e uma conquista para a França e Inglaterra). Mesmo assim os europeus sediaram 10 Copas do Mundo. Esta desproporção está na organização e infra-estrutura dos países europeus em relação aos da América do Sul.
Um exemplo é a Copa de 1986. A Colômbia desistiu de sediar o mundial alegando problemas financeiros oito anos depois de ser escolhida para sediar a Copa do Mundo. O resultado é que havia pouco tempo para preparar um país para o Mundial. O Brasil desistiu de sediar a competição e como o México já havia sediado a Copa de 1970 foi a escolha de última hora. Pela primeira vez um país seria novamente a sede do torneio. O que aconteceu na Itália em 1990 e França em 1998, mas não por desorganização, política ou problemas financeiros. Os europeus sempre desconfiaram da falta de organização da América do Sul. Em 1938 o congresso da FIFA decidiu fazer uma Copa novamente na Europa, contrariando um acordo com os sul-americanos de fazer um revezamento. A Argentina era a candidata natural, a equipe foi vice-campeã em 1930 e era o país em ascensão no continente. Entretanto, os franceses ganharam o direito de sediar a segunda Copa consecutiva na Europa. Fato que revoltou os sul-americanos e resultou no boicote à Copa da França. Na Copa de 1938 apenas Brasil e Cuba representaram as Américas.
A Segunda Guerra Mundial foi responsável pelo cancelamento das Copas de 1942 e 1946. Para a Copa de 1942, Alemanha e Brasil eram os países candidatos. Não era segredo que o Führer queria repetir a propaganda dos Jogos Olímpicos de 1936 e tornar sua equipe campeã como fez Mussolini em 1934 e 1938.
Depois da Segunda Guerra a FIFA optou como sedes países que não se envolveram diretamente no conflito ou não foram palco da guerra. A Copa no Brasil seria em 1949, mas no dia seguinte decidiu-se manter a tradição e as Copas do Brasil e da Suíça ocorreram em 1950 e 1954, mantendo a periodicidade como se as Copas da década de 1940 tivessem sido realizadas. Neste mesmo dia foi escolhida a Suíça como sede para 1954. No pós-guerra o Brasil foi escolhido como uma opção de país que não foi afetado pelo conflito. Na Copa seguinte foi escolhida a Suíça, apesar de ser uma país europeu foi neutra durante o conflito que arrasou a Europa. A escolha da Suécia em 1958 teve o mesmo procedimento. Assim como o Chile em 1962. A Copa voltaria ao teatro de Guerra apenas em 1966, na Inglaterra. Mais de 20 anos após o conflito. Ironicamente com um final entre dois países rivais, Alemanha e Inglaterra.
Na década de 60 apenas três países europeus se candidataram para sediar as Copas seguintes. Inglaterra (1966), Alemanha Ocidental (1974) e Espanha (1982) acabaram por sediar os eventos, de acordo com o revezamento entre a Europa e as Américas. Em 1966 foram escolhidas em Londres três sedes de uma só vez. Alemanha Ocidental e Espanha disputavam o direito de sediar a Copa de 1974. Um acordo foi feito para que e Espanha se retirasse da disputa. Com isso a Alemanha Ocidental sediaria a Copa de 1974 e a Espanha sediaria a Copa de 1982. No mesmo dia foi decidido que a Argentina sediaria a Copa de 1978, já que dois anos antes perdeu a disputa para os mexicanos para sediar o evento de 1970.
Em 1984 foi decidida a sede da Copa de 1990. Por pouco a União Soviética não sediaria o evento. Em 1990 a URSS estava à beira da desintegração e poderia ser a sede do evento esportivo mais visto do mundo.
Os Estados Unidos foram escolhidos para sediar a Copa de 1994, mesmo sem ser um país com tradição no futebol. Apesar da investida do futebol na década de 1970 com a contratação de Pelé e Beckenbauer a futebol era menos popular do que o basquete, hóquei, futebol americano e baseball. Entretanto, os EUA organizaram um Mundial com a melhor média de público de todas as Copas. O esporte se popularizou principalmente entre as mulheres e o país está entre os 10 primeiros no ranking da FIFA e venceu duas das quatro Copas do Mundo de Futebol Feminino.
A França foi a escolhida para sediar a Copa de 1998 derrotando Marrocos na escolha. Marrocos é candidato permanente a sediar a Copa do Mundo desde 1994.
Em 2002. Primeira Copa do Mundo sediada na Ásia e a primeira sediada em conjunto por dois países. Em 31 de maio de 1996 a escolha da sede foi realizada em Zurique entre dois forte adversários. Coreia do Sul, Japão e México eram os candidatos. O México, país mais pobre e tendo realizado duas Copas recentes (1970 e 1986) era o grande azarão.
Desde 1958 a Copa era sediada alternadamente entre a Europa e as Américas. Entretanto o interesse pelo futebol na Ásia era fator fundamental para consolidar o esporte. Como os dois países tinham estrutura e capital para a Copa, mas ambos não tinham retrospectos de suas seleções, a FIFA optou pela aclamação diplomática de dividir a competição em duas sedes. Antes de a votação começar os dois concorrentes se uniram para ter o evento, apesar da rivalidade histórica entre a Coreia e o Japão.
A escolha para a sede da Copa de 2006 foi uma das mais disputadas e controversas eleições de sedes. O Brasil desistiu apenas três dias antes da eleição. Na verdade, o país foi aconselhado a se retirar devido a falta de infra-estrutura, falta de segurança e estádios defasados. Esta foi a primeira eleição com mais de um turno. A cada turno sairia o mais votado até o concorrente chegar a maioria dos votos. Depois de Marrocos e Inglaterra perderem a eleição a África do Sul era a favorita na última eleição contra a Alemanha. Entretanto, a Nova Zelândia que votaria no país africano se absteve da final. Em caso de empate o voto de minerva seria dado pelo presidente da FIFA Joseph Blatter, inclinado a votar na candidatura da África do Sul. Com este resultado e denúncias de compra de votos a FIFA decidiu iniciar a rotatividade entre as sedes das Copas do Mundo. O caminho estava livre para a África do Sul sediar a Copa de 2010.
A votação para a primeira Copa do Mundo na África foi o resultado natural da perda da África do Sul da sede da Copa anterior. Este será o maior evento esportivo no continente africano que até então não sediou nenhuma Copa do Mundo nem Olimpíadas. Em 15 de maio de 2004 foi decidido em Zurique que a África do Sul será a sede da Copa de 2010. Líbia e Tunísia desistiram da competição.
No dia 30 de outubro de 2007 a FIFA oficializou a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Candidato único da América do Sul, que recebeu apoio da Conmebol (Confederação Sul-americana de Futebol) para a realização do evento. Chile e Argentina também teriam feito uma proposta para sediar o Mundial em conjunto. A Colômbia retirou a sua candidatura.
Mesmo com a escolha oficial, se o Brasil não realizar todos os procedimentos exigidos, a FIFA pode mudar a sede da Copa do Mundo até meados de 2012. Se as questões de segurança e infra-estrutura forem sandas o sonho de realização da Copa do Mundo no país com mais títulos mundiais será concretizado após 64 anos. Mesmo com toda a incompetência dos políticos em quase todas as áreas para a realização de evento deste porte (Caos Aéreo, energético, corrupção, violência, etc.) e denúncias de superfaturamento nas obras dos Jogos Pan-Americanos de 2007 será difícil o Brasil deixar de ser sede da Copa do Mundo de 2014.
Em 2010 será decidida a sede da Copa de 2018. O sistema de revezamento entre continentes para sediar a Copa do Mundo foi oficialmente sepultado pela FIFA, após a candidatura única da América do Sul para a Copa do Mundo de 2014. Austrália, Holanda e Bélgica (em conjunto), Canadá, China, Espanha, Inglaterra, Israel e México já manifestaram o interesse em sediar a Copa do Mundo de 2018. A Inglaterra é apontada como favorita, após vencer a disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2012.
Você ficaria surpreso em saber que já existe uma campanha para sediar a Copa de 2030? Os uruguaios querem sediar a Copa de 2030 para comemorar os 100 anos da primeira Copa do Mundo. A Copa de 1930 foi um sucesso de público, fundamental para que os países, empresas, políticos, esportistas fizessem de tudo para sediar um evento em seu país. Um evento que envolve bilhões de dólares e bilhões de olhos atentos aos lances.
Países sede da Copa do Mundo de futebol (1930-2014)
2 vezes
Brasil - 1950 e 2014
Alemanha - 1974 e 2006
França - 1938 e 1998
Itália - 1934 e 1990
México - 1970 e 1986
1 vez
Uruguai - 1930
Suíça - 1954
Suécia - 1958
Chile - 1962
Inglaterra - 1966
Argentina - 1978
Espanha - 1982
Estados Unidos - 1994
Coreia do Sul - 2002*
Japão - 2002*
África do Sul - 2010
* Sede dividida entre os dois países.
Continentes sede da Copa do Mundo de futebol (1930-2014)
10 vezes
Europa - 1934, 1938, 1954, 1958, 1966, 1974, 1982, 1990, 1998 e 2006
5 vezes
América do Sul - 1930, 1950, 1962, 1978 e 2014
3 vezes
América do Norte - 1970, 1986 e 1994
1 vez
Ásia - 2002
África – 2010
Fonte: http://www.duplipensar.net/dossies/historia-das-copas-do-mundo/como-se-escolhe-um-pais-para-ser-sede-da-copa-do-mundo.html
quarta-feira, 7 de abril de 2010
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